sábado, 31 de maio de 2014

Review: Segunda temporada de Hannibal prova que adaptações podem dar certo.

Enquanto muita gente discute as questionáveis mudanças do livro para a série Game of Thrones, mesmo que a série de sucesso da HBO esteja cada vez mais emocionante e que cada dia mais, mais fãs sejam conquistados, Hannibal, do canal NBC, tem se mostrado uma série madura e que, mesmo com mudanças muitas vezes bastante radicais da história do livro de Thomas Harris, que se torna a cada episódio um momento de glória para os fãs da saga.

A série retrata a incessante tentativa do agente Will Graham de prender o assassino de Chesapeake, um psicopata exótico que ele descobre ser nada mais nada menos do que o seu psiquiatra (e também ajudante do FBI), o doutor Hannibal Lecter (Mads Mikkelsen, incrível). Enquanto na primeira temporada de Hannibal podemos nos acostumar com as manipulações do médico nas investigações de Will, fazendo com que ele e o FBI vão sempre em direções opostas à ele - e na direção que lhe é conveniente - na segunda, com as reviravoltas da história, vemos os personagens mais conscientes de suas influências um com os outros.

Will Graham (interpretado pelo ator Hugh Dancy, brilhante nesta temporada), que se descobre praticamente fora da manipulação do médico/monstro, tenta, além de provar sua inocência em todos os episódios da season 2, provar que Hannibal é um perigo para a sociedade - e abrir os olhos de seu nem sempre tão ético amigo, Jack Crawford (Laurence Fishburne) e de Alana Bloom (Caroline Dhavernas), sua amiga e paixão declarada- além de, é claro comprovar a sua sanidade. Na primeira temporada, devido uma encefalite, Will foi acusado e encarcerado como sendo o assassino que tinha a missão de prender. Obra de Hannibal Lecter, claro.

Enquanto Will se encontra numa posição vulnerável durante toda a season - aparentemente, é claro -, Hannibal toma para si a sua personalidade, deixando o professor e investigador do FBI cada vez mais irritado com o médico, o que se reflete em suas atitudes nem sempre tão bem pensadas; Will age impulsivamente, deixando Lecter manipulá-lo até certo ponto. Aí a coisa fica boa: é quando Will finalmente ''desperta'' para o jogo de Hannibal e ambos ficam imersos nesta relação doentia que eles moldaram um com o outro.
A mente de Will, como conhecida na primeira temporada, consegue entender e pensar como a de um psicopata. Essa capacidade, na season 1, o fazia sofrer bastante. Will ainda não entendia que tinha uma doença que o fazia sentir-se mal, já que Hannibal, que a descobriu, jamais o disse. Com a consciência de Will de sua patologia e maior entendimento de sua condição mental, nesta segunda temporada, ele consegue fazer jogos mentais e muitas vezes enganar todos - inclusive quem assiste a série. Um fato, porém, que faz com que ele sempre hesite em entregar-se completamente a esse jogo, que tem por finalidade, capturar Lecter e fazê-lo pagar por seus crimes, é a relação de Will com Alana Bloom e o triângulo amoroso que se forma entre ele, ela e Hannibal.

Talvez, a coisa mais especial da segunda temporada de Hannibal seja, no entanto, a introdução de histórias importantes para o desenvolvimento da série no futuro (isso já pressupondo que Hannibal consiga chegar a ter umas oito temporadas, o que não é desejar demais, visto o sucesso da série), como a de Mason Verger.


Mason, nos livros, é conhecido como a única vítima de Hannibal que sobreviveu ao seu ataque. No filme Hannibal (2001), ele é interpretado pelo ator Gary Oldman. Na série, Michael Pitt (de Broadway Empire) dá vida ao vingativo e neurótico rico fazendeiro que Hannibal vitimiza por considerá-lo ''rude''. Mason interage nos livros e no filme com a personagem Clarice Starling e sua aparição tem tudo a ver com o desfecho de Hannibal dado por Thomas Harris, então é previsto que esse personagem, que teve bastante destaque na season 2 da série Hannibal, retorne ao final dela no desfecho do personagem (e quem sabe, também da série).

A season finale da segunda temporada de Hannibal foi marcada por surpresas que deixarão até mesmo os mais especulativos dos fãs de cabelo em pé. A crueldade e sadismo de Hannibal nunca fora tão explorado como nos últimos capítulos da série, especialmente no último. Personagens-surpresa aparecem e dão base à trama e ao fim - que é poético e trágico e que liga acontecimentos que vêm depois, além de introduzir traços semelhantes com o livro, assim como vários divergentes.

A terceira temporada de Hannibal já foi confirmada e a campanha dos fãs para o reconhecimento da série e do trabalho dos atores já começou. Há uma manifestação na web para que Mads Mikkelsen e Hugh Dancy concorram (e ganhem!) o Emmy Award de 2014, assim como o produtor da série Bryan Fuller e que a série ganhe também no gênero ''Drama''. No entanto, a série e os atores sequer foram nomeados para a premiação no ano de 2013, o que gera, além de grande surpresa, devido o intenso e impressionante trabalho de todos os envolvidos na série, como um grande sentimento de revolta particular.

Como os indicados ao Emmy devem ser divulgados até a metade de julho, a torcida é grande e é merecida. Afinal, Hannibal é uma das séries de maior prestígio da atualidade e quem não reconhece isso, bem... Hannibal pode achá-los um pouco ''rudes'', se é que me entendem.

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