sábado, 30 de novembro de 2013

Review: The Day of the Doctor


Sim, este post é um review que pode conter e com certeza terá spoilers acerca do episódio especial de 50 anos de Doctor Who. Então se você ainda não conferiu e sofre de 'spoilofobia' não continue a ler este post, só saiba que o episódio é bom, sim você irá rir, se emocionar, se divertir e se depará com um "recomeço" para o Doutor.

Claro que como todo recomeçar isso traz uma série de consequências e uma nova maneira de como você se depara com seu passado, neste caso com a era Russell T Davies (que foi o showrunner do reboot de 2005 até 2010 e o grande responsável pela série retornar na tv) mas essa é uma discussão que de nada adianta se você não viu o episódio. Vá, o assista de peito aberto, se lance na espontaneidade dos sentimentos que o episódio te traz e depois comece a ponderar o peso do que acontece para a storyline da série.

Agora se você, assim como eu, já o assistiu puxe uma cadeira e vamos bater um papo sobre.




The Day of The Doctor é um episódio muito bom, seria injusto de minha parte dizer o contrário. Como eu coloquei no início se tem nele de tudo um pouco. Os efeitos estão excelentes (imagino como teve ter sido ter o assistido em 3D), os atores estão incríveis, todos eles, as alusões a era clássica para quem consegue as identificar estão lá e não é sempre que temos três Doutores zoando um com outro na medida do possível.

O episódio inicia-se de uma forma que nada explica como Doutor (Matt Smith) conseguiu sair de seu próprio fluxo temporal (o que ele fez no final da série 7 e por isso somos "iniciados" no The War Doctor) que ele entrou para salvar Clara (Jenna Colleman) mas os vemos prontos para uma nova aventura até que UNIT os pegam para investigar uma pintura pintada com tecnologia Senhor do Tempo na National Gallery. Claro que o plot não é tão simples, pois este momento aparentemente insignificante acaba se conectando com o Doutor (David Tennant) investigando  Zygon na Inglaterra em 1562 por causa do The War Doctor (John Hurt) que pretende usar The Moment para dar fim a Guerra do Tempo.

Esses três momentos de diferentes tempos do Doutor se conectam e se interpelam pelo fato de The Moment ( a última arma proibida dos Senhores do Tempo não utilizada e roubada pelo Doutor (John Hurt) que pretende a usar para acabar com a Guerra do Tempo) possuir consciência e tentar o persuadir a não cometer genocídio e para isso ela abre uma fenda na fábrica da realidade conectando a dois momentos futuros o mostrando no que ele se transformará se usar The Moment.


Muito do que foi especulado com os trailers, fotos e afins pouco foi mostrado como verdadeiro. Talvez um dos grandes baques foi o fato da Rose (Billie Piper) não ser de fato ela mas The Moment escolhe a aparência dela como Bad Wolf pela sua ligação com Doutor, pois se você se lembrar em The Parting of the Ways Rose se criou como Bad Wolf e espalhou as palavras no tempo e espaço, uma mensagem para a levar ao Doutor e o salvar, e de fato, é isso que ela faz novamente aqui, embora ela não seja de fato ela mas nada impede que seja uma espécie de eco da mensagem de quando Rose era Bad Wolf. (Lembrando que essa mensagem dela foi lascando pois chegou até o universo paralelo -Bad Wolf Bay).

O meu problema com este episódio é o grande trunfo dele: de nos entregar um Doutor com um propósito mais objetivo para suas andanças, resumindo, trazer Gallifrey de volta e ao que tudo indica vai ser o propósito do Doutor a partir do especial de Natal. O que nos é mostrado no episódio de cinquenta anos é meio como uma vitimização (embora não seja) dos Senhores do Tempo e o motivo principal para The Moment/Rose/Bad Wolf questionar a decisão do Doutor é piega, não que não seja válida, mas não deixa de ser piega.

Houve um motivo para Russell T Davies ter decido voltar com a série com um Doutor pós Guerra do Tempo, cheio de cicatrizes, luto e raiva por ter dado um fim ao seu povo junto com Daleks. Os Senhores do Tempo não eram nenhum anjos de candura, eles são arrogantes, egoístas, eles eram tão perigosos quanto os Daleks, pesquise um tiquinho sobre eles e verá, ou pelo menos assista a The End of Time - part 1  e 2, que por sinal se passa também no último dia da Guerra do Tempo e em matéria de storyline é bem superior ao The Day of the Doctor.

Moffat vai nos trazer, ou pelo menos o que parece, ecos da era clássica da série com Gallifrey de volta e conhecendo os Senhores do Tempo isso vai acabar com Doutor tendo que acabar com Gallifrey novamente, desta vez de verdade. Mas o pior para mim é que todo aquele peso, aquele background do Doutor das séries 1 - 4 não está mais lá. Claro que essa mudança paradigmática traz uma gama de possibilidades, claro que estou curiosa pelo Peter Capaldi e sua era, mas isso não me deixa muito contente com a construção do personagem no inicio do reboot ser posta abaixo ou revista pelo Moffat.

Não nego que tenho grandes ressalvas e os dois pés atras com Moffat, não que não haja episódios bons, não que The Day of the Doctor seja ruim, o que não é, mas eu sinto que o episódio acaba sendo mais leviano, momentos que teria grandes impactos emocionais se dissolvendo em piadas, grandes momentos tendendo a certos pieguismos e emocionalismos em-si, sem falar nas quantidades das malditas narrações em off. 

Eu pessoalmente não sinto aquela base da criação do personagem que vejo com Davies, digo isso pois assisti as duas partes de The End of Time depois de The Day of the Doctor e a diferença foi gritante. Realmente gritante. Sem mencionar que sinto como se Moffat constantemente tivesse tentando reescrever o que o Doutor foi/é antes dele assumir como showrunner.

Mas não sejamos frescos de um todo, The Doctor of the Doctor tem atuações inspiradas de Matt Smith, David Tennant e Billie Piper. A UNIT e seu pessoal fizeram um grande contraponto embora o final da trama com Zygons não tenha sido mostrada (talvez no especial de Natal). Impossível não gostar das cenas com os três doutores, qualquer referência ao episódio que reuniu os três primeiros doutores não é mero time wimey.

Infelizmente, para quem esperava uma grande luta com Daleks é meio decepcionantes pois eles são colocados como planos de fundo do que acontece no episódio. A importância de todo aquele plot com Elizabeth I foi meio exagero. E fica bem claro que o Doutor de Peter Capaldi será a última regeneração do Doutor.

A última cena na sala de guerra é eletrizante, a última cena do episódio dá um plano de fundo só a massa e a cena com Tom Baker emociona, assim como a cena reutilizada de Christopher Eccleston em The parting of the ways deixa saudades de um certo Doutor Big Ears.

Agora é esperar pelo episódio de Natal e o início de uma nova busca (pensamentos positivos para que o background das séries 1-4 não seja dissolvido) e pelo início da era Peter Capaldi, sim, eu fiquei muito feliz com a escolha dele. :)

FOTOS:
* Divulgação BBC.
* The Day of the Doctor.





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