segunda-feira, 5 de março de 2012

Filmes e Cinema: Histórias Cruzadas


Quando a lista de filmes com grandes indicações ao OSCAR é divulgada, boa parte dos cinéfilos vai atrás de cada filme para tirar suas próprias conclusões. Eu não sou assim. Tenho muito preconceito com esse tipo de modismo que o Oscar incita, e por isso mesmo, muitas vezes, acabo perdendo a chance de ver boas obras cinematográficas. Foi o caso de Histórias Cruzadas.

Não, não passou de tempo, o filme ainda está quentinho na memória, desperto pelas estatuetas ganhas pela Academia (um para a coadjuvante Octavia Spencer, merecedíssimo), e merece um post exclusivo com uma avaliação positiva.

Desde Preciosa que eu não me emocionava tanto com uma temática. A história do filme se passa  no Mississipi dos anos 60, época em que o racismo nos Estados Unidos causava grande frisson social, devido a várias manifestações a favor da igualdade - dentre elas, a de Martin Luther King - e que causava um verdadeiro apartheid social entre brancos e negros.

O filme se fixa no relacionamento entre empregadas e patrões brancos, em como elas são necessárias pelas famílias para a construção do lar e como eram descartadas da mesma maneira. Humilhadas, eram submetidas a condições sub-humanas, tendo que usar um banheiro exclusivo para 'pessoas de cor' e a ouvir desaforos deselegantes de suas patroas, que muitas vezes, foram crianças criadas com muito carinho pelas próprias empregadas as quais humilhavam quando adultas.

A trama gira em torno da personagem de Viola Davis, magnífica, estupenda e de arrepiar como a empregada Aibileen, que resolve ceder às pressões de uma aspirante a reporter, interpretada pela atual queridinha de hollywood Emma Stone no papel de Skeeter, que pede para ela lhe dar depoimentos de como era ser empregada doméstica em Jackson, Mississipi.


Minha opinião pessoal.


O melhor desse filme é que ele não é forçado. Sendo uma adaptação de um livro (The Help, de Kathryn Stockett), ele tinha tudo para parecer um dramalhão atrapalhado por exageros do estereótipo negro/branco, mas não. Fugiu até mesmo do trágico. É impossível não se sentir tocado pelas cenas em que a jovem Skeeter lembra da empregada Constantine, que, depois de 29 anos, foi embora de sua casa por causas desconhecidas por ela. É impossível não se revoltar com os comentários racistas e impossível não tomar para si as dores da incrível Aibileen de Viola Davis (que merecia para caramba o Oscar, que me desculpe a digna Meryl Streep).

Uma coisa é certa sobre Histórias Cruzadas: é um filme que TODOS deveriam ver, todos, de todas as idades, cor, religião, sexualidade. Um filme que mostra muito mais do que "o quanto" o racismo é estúpido: ensina que deve-se respeitar o ser humano pela sua condição de ser.

Ah, e mais uma observação: depois desse filme, você JAMAIS verá uma torta de chocolate da mesma forma.

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